Manaus (AM)- A Polícia Federal finalizou, nesta quarta-feira (27), o inquérito da “Operação Tupinambarana Liberta”, que investigou um extenso esquema de crimes eleitorais durante as eleições de 2024 em Parintins, no Amazonas. Cinco agentes públicos foram formalmente indiciados pelos crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e abolição do Estado Democrático de Direito.
De acordo com as investigações, o grupo, composto por ex-secretários estaduais e ex-comandantes de polícias, utilizou a máquina pública do Governo do Amazonas e articulou o apoio de facções criminosas para manipular a disputa pela prefeitura em favor da candidata Brena Dianná, do partido União Brasil.
As práticas ilícitas incluíam a compra de votos e a intimidação de eleitores em áreas controladas por facções, o impedimento da circulação de candidatos opositores e a omissão deliberada de agentes públicos para facilitar fraudes. A operação apurou ainda que os investigados monitoravam adversários políticos e até mesmo equipes da PF para obstruir as investigações.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que decidirá pelas ações judiciais. As penas somadas pelos crimes podem chegar a 20 anos de prisão.
Pernas de pau: braço direito do governador permanece no cargo
Apesar da exoneração dos cinco investigados, a situação de Flávio Antony, braço direito do governador Wilson Lima e alto funcionário da Casa Civil, levanta sérias questões sobre a lisura da cúpula do executivo estadual.
Antony, cujo nome apareceu em reuniões com os indiciados articulando apoio à candidata, manteve-se no cargo mesmo com envolvimento comprovado nas investigações.
A persistência de Antony no centro do poder contrasta fortemente com a demissão dos outros envolvidos, criando um nítido clima de impunidade para os mais próximos do governador. A postura de Wilson Lima, que não se pronunciou de forma clara sobre o caso, é, no mínimo, conivente. A gestão estadual, que deveria pautar-se pela transparência, vê sua credibilidade ser ainda mais erosionada.
Operação preza pela luta da liberdade eleitoral
Deflagrada em outubro do ano passado, a operação contou com o apoio da Corregedoria da PM do Amazonas e mobilizou 50 policiais federais. O nome, “Tupinambarana Liberta”, faz referência à identidade cultural de Parintins e simboliza a luta pela liberdade eleitoral em uma região cuja democracia foi gravemente ameaçada pela ação de servidores públicos que deveriam protegê-la.
Além das medidas judiciais, a Justiça Eleitoral determinou a proibição de acesso dos investigados a Parintins e o reforço do efetivo policial federal durante o pleito, num reconhecimento oficial da gravidade dos crimes cometidos.
O caso tornou-se um emblemático exemplo de como a estrutura do Estado está corrompida para servir a interesses eleitoreiros, lançando uma sombra negra de dúvidas sobre todo o período da gestão Wilson Lima.
