Manaus (AM)- A cidade de Coari, localizada no Amazonas, enfrenta uma realidade alarmante. Apesar de receber anualmente mais de R$ 80 milhões em royalties do petróleo, a população convive com a miséria, apresentando um baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e uma taxa alarmante de pobreza.
Com um IDHM de 0,586, Coari está classificada como tendo um desenvolvimento humano baixo. Esse índice, que considera a renda, a longevidade e a educação, expõe as profundas desigualdades que persistem na região, mesmo diante da riqueza natural que a cidade possui. Coari é a segunda cidade mais rica do estado, perdendo apenas para Manaus, e ocupa a 21ª posição no IDHM entre 62 cidades do Amazonas.
Nos últimos 20 anos, Adail Pinheiro se consolidou como o principal político da cidade, sendo eleito prefeito quatro vezes. Quando não estava no cargo, ele colocou filhos e parentes diretos à frente da Prefeitura. Entretanto, sua trajetória foi marcada por polêmicas, incluindo prisões por crimes sexuais infantis e condenações por improbidade administrativa.
A situação econômica da população é crítica, com uma taxa de extrema pobreza de 6,0%, o que significa que uma parte significativa da população sobrevive com apenas US$ 2,15 por dia, ou R$ 208,42 por mês. Para efeito de comparação, a taxa brasileira de extrema pobreza em 2023 é de 4,4%.
O Censo de 2022 registrou que Coari tem 70.496 habitantes, uma queda de 7,2% em relação ao Censo de 2010, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora a cidade receba recursos significativos através de royalties, a realidade da população é marcada pela falta de acesso a serviços básicos, como saúde e alimentação.
Vídeos em redes sociais evidenciam a insatisfação da população. Um deles mostra uma moradora reclamando da qualidade do peixe doado pela Prefeitura durante a Semana Santa, destinado a auxiliar os mais necessitados. A situação ganhou destaque na mídia nacional, com uma reportagem do UOL evidenciando a pobreza em Coari.
Um dos casos retratados foi o de Sergina, uma moradora que luta para encontrar medicamentos na farmácia popular da prefeitura, a única opção gratuita disponível na cidade. Ela e seu marido enfrentam a falta de medicamentos essenciais, refletindo a precariedade do sistema de saúde local.
A imprensa buscou respostas da Prefeitura de Coari sobre os problemas enfrentados pela população, mas não obteve retorno. Diante dessa situação, surgem questões que precisam ser respondidas:
1. Por que a arrecadação de Coari não se traduz em desenvolvimento e qualidade de vida para a população?
2. A Prefeitura de Coari possui um levantamento sobre o número de pobres ou de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza?
3. Quanto do orçamento municipal é destinado a programas de erradicação da pobreza?
Essas perguntas permanecem sem resposta, enquanto a cidade continua a padecer em meio à riqueza que deveria beneficiar a todos.
*Com informações do portal Amazônia Press