Aracaju (SE)- Durante a tarde desta terça-feira (26), inicia-se no interior de Sergipe o julgamento de três ex-policiais rodoviários federais acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado no caso de Genivaldo de Jesus Santos, um homem de 38 anos que morreu em 2022 durante uma abordagem policial. A sessão do Tribunal do Júri acontece no Fórum Estadual da Comarca de Estância, localizado a cerca de 70 quilômetros da capital, Aracaju.
Genivaldo Santos morreu em 25 de maio de 2022, na BR-101, em Umbaúba, após ser trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Durante a abordagem, os policiais utilizaram spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, criando uma situação que resultou em uma espécie de “câmara de gás”. A certidão de óbito da vítima confirmou que a causa da morte foi asfixia e insuficiência respiratória.
O caso ganhou ampla repercussão nas redes sociais, onde manifestantes expressaram indignação e compararam a situação a práticas de tortura da Segunda Guerra Mundial. Vídeos da abordagem foram amplamente compartilhados, gerando mobilizações e protestos em diversos locais do Brasil.
Inicialmente, a PRF tratou o incidente com cautela, alegando que técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo foram empregados na contenção de Genivaldo. No entanto, com a crescente pressão da opinião pública, a instituição apresentou uma nova declaração, expressando indignação com os eventos que levaram à morte de Genivaldo.
O boletim de ocorrência elaborado pelos policiais indicava que a abordagem ocorreu porque a vítima estava sem capacete enquanto conduzia uma motocicleta. Contudo, essa justificativa foi amplamente contestada, uma vez que os métodos utilizados pelos agentes foram considerados desproporcionais e desumanos.
O desfecho deste caso pode ter implicações significativas para a atuação das forças de segurança no Brasil e para a percepção pública sobre a condução de operações policiais. A expectativa é de que o Tribunal do Júri não apenas busque responsabilizar os acusados, mas também promova uma reflexão sobre a necessidade de reformulação nas práticas policiais e uma maior proteção aos direitos dos cidadãos.