Israel (ISR)- Após mais de 70 dias de bloqueio total, Israel autorizou a entrada de cerca de 100 caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A informação foi confirmada nesta terça-feira (20) pelo porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke, durante coletiva de imprensa.
A autorização permitirá que a ONU recupere os primeiros cinco caminhões enviados desde o anúncio do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que havia prometido permitir a entrada de uma “quantidade básica de alimentos” para evitar a fome generalizada no território palestino.
Desde 2 de março, nenhuma ajuda humanitária foi permitida em Gaza, provocando um colapso nos serviços essenciais. Agências da ONU e organizações não-governamentais denunciaram a escassez de comida, água potável, combustível e medicamentos em uma região devastada por mais de 19 meses de guerra.
A liberação parcial foi considerada insuficiente por representantes humanitários. Tom Fletcher, dirigente do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), classificou a medida como “lamentável” diante da gravidade da crise.
A agência da ONU para os refugiados palestinos, UNRWA, denunciou que, até agora, “a única coisa que entra em Gaza são bombas”, destacando o agravamento da crise humanitária mesmo após o suposto levantamento do bloqueio por parte de Israel.
Em nota, a UNRWA afirmou que os bombardeios israelenses intensificados por ar, terra e mar causaram centenas de mortes e o deslocamento forçado de milhares de pessoas. A organização enfatizou que “a Faixa de Gaza enfrenta provavelmente a sua pior crise humanitária desde outubro de 2023”.
A Oxfam Intermón, braço espanhol da organização de combate à pobreza, também criticou duramente a ação de Israel. Para a ONG, o fluxo limitado de caminhões não representa avanço algum, e é necessário abrir corredores humanitários seguros para permitir uma resposta eficaz à catástrofe.
Wassem Mushtaha, líder da Oxfam Intermón, lembrou que a população está à beira da fome.
“As pessoas estão famintas, e também traumatizadas, doentes e deslocadas das suas casas”, afirmou.
Ele ressaltou que a pequena liberação de ajuda “não pode ser confundida com progresso significativo”, especialmente frente à intensificação dos bombardeios.
Israel impôs o bloqueio total após o rompimento do cessar-fogo em 2 de março, retomando a ofensiva contra o Hamas, iniciada após os ataques do grupo palestino em 7 de outubro de 2023. Desde então, a situação humanitária em Gaza vem se deteriorando rapidamente.