Brasil (BR)- Na manhã desta quinta-feira (03), durante a 66ª Cúpula do Mercosul em Buenos Aires, o Brasil recebeu oficialmente a presidência do bloco sul-americano do governo argentino. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou as cinco prioridades de sua gestão: ampliação comercial, transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades sociais.
O encontro reuniu líderes dos países-membros (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), além da Bolívia, que está em processo de adesão, e nações associadas. Lula destacou a importância do Mercosul como um espaço de proteção em um cenário global “instável e ameaçador”, reforçando a necessidade de fortalecer a Tarifa Externa Comum (TEC) e modernizar os sistemas de pagamento em moedas locais.
Fortalecimento comercial e acordos internacionais
Uma das principais metas do Brasil é avançar nas negociações comerciais, incluindo a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), ainda pendente de internalização pelos países. Além disso, o bloco fechou um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) e planeja parcerias com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana.
Lula também defendeu maior integração com o mercado asiático, citando Japão, China e Índia como parceiros estratégicos. Para facilitar o comércio, destacou projetos como as Rotas da Integração Sul-Americana e a Rota Bioceânica.
Transição energética e sustentabilidade
O presidente brasileiro alertou para os impactos das mudanças climáticas na região e reforçou o compromisso com a transição energética. O Brasil propôs o programa Mercosul Verde para promover agricultura sustentável e cooperação em tecnologias limpas. Lula também destacou a importância de explorar minerais críticos, como lítio e cobre, com benefícios regionais.
“O apoio do Mercosul será imprescindível para a COP30, que o Brasil sediará em 2025”, afirmou, criticando o negacionismo climático.
Tecnologia e segurança regional
Lula criticou a concentração tecnológica global e anunciou planos para desenvolver inteligência artificial regional, em parceria com o Chile. Além disso, prometeu impulsionar a soberania digital, com data centers locais e proteção de dados.
No combate ao crime organizado, o Brasil apoiará a criação de uma agência regional proposta pela Argentina, fortalecendo iniciativas como o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia.
Inclusão social e participação cidadã
A presidência brasileira pretende revitalizar o Instituto Social do Mercosul (ISM) e o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), além de retomar a Cúpula Social e realizar uma Cúpula Sindical.
“Sem inclusão social, não haverá progresso duradouro”, afirmou Lula.
O mandato do Brasil à frente do Mercosul começa oficialmente no segundo semestre, com a promessa de fortalecer a integração regional em um cenário global desafiador.