Com mais de 80 metros de altura e séculos de existência, os angelins-vermelhos (Dinizia excelsa) prestam serviços ambientais vitais, como captura de carbono e regulação das chuvas. No Dia da Amazônia, especialistas reforçam a necessidade de proteger essas árvores monumentais que guardam parte da história do bioma.
A ciência registrou a presença dessas árvores gigantes em 2019. Três anos depois, foi localizada a maior árvore do Brasil: um angelim-vermelho com 88,5 metros de altura, equivalente a um prédio de 30 andares, em Almeirim (PA). Pesquisadores já identificaram ao menos 20 exemplares com mais de 70 metros próximos ao Rio Jari, na divisa do Pará com o Amapá.
“Essas árvores apresentam praticamente o dobro do tamanho médio das espécies amazônicas, absorvendo também o dobro de carbono”, explicou o pesquisador Diego Armando Silva, do Instituto Federal do Amapá (IFAP).
Estudos preliminares estimam que cada árvore pode ter entre 400 e 500 anos e ser responsável por 80% da biomassa de um hectare. Isso indica que um único angelim-vermelho pode capturar até 80% do CO₂ da área onde está localizado.
Ameaças e pressões ambientais
Apesar de sua importância, essas árvores estão sob risco. Muitas estão fora de unidades de conservação e, em alguns casos, ainda é permitida a exploração comercial do angelim-vermelho.
“A maior árvore do Brasil está em uma área originalmente destinada ao manejo madeireiro. Mesmo com avanços, a ameaça do desmatamento e do garimpo continua”, alertou Ângela Kuczach, diretora da Rede Pró-Unidades de Conservação.
A mobilização da sociedade civil resultou, em 2024, na criação do Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (Pagam), com 560 hectares de proteção integral. Segundo o presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor), Nilson Pinto, a região já conta com forte fiscalização.
Para os especialistas, a proteção deve avançar com planos de manejo, educação ambiental e pesquisa. “Podemos ter outras árvores gigantes ainda não descobertas e já ameaçadas. É preciso investir em ciência e ampliar a rede de proteção”, defendeu Silva.