Manaus (AM)- Uma pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), sob encomenda do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), aponta que pessoas que presenciaram o racismo é praticamente uma unanimidade entre os brasileiros, já que nove em cada dez pessoas (96%) compartilham da mesma visão. Em segundo e terceiro lugares, os indígenas e os imigrantes africanos, respectivamente, com 57% e 38%, são os que mais sofrem. Ainda existe uma maioria expressiva, de 88%, que concorda que essa parcela da população é mais criminalizada do que os brancos.
A assinatura da Lei Áurea em 1888 é frequentemente celebrada como um marco na luta pela liberdade do povo preto no Brasil. No entanto, mais de um século após essa conquista, é inegável que a liberdade conquistada ainda esbarra nas barreiras do racismo e da desigualdade. O legado da escravidão persiste em diversas formas, e é fundamental reconhecer que a história preta vai muito além da servidão; somos descendentes de Reis e Rainhas, de uma cultura rica e vibrante, que ainda ressoa nas conquistas e expressões de nosso povo.
Nos dias de hoje, figuras como Beyoncé, IZA, Ludmilla e Elza Soares não apenas encantam o mundo com sua arte, mas também representam a força e a resiliência de uma comunidade que se recusa a ser silenciada.
No campo da medicina, o Dr. Ben Carson se destaca como um exemplo inspirador, enquanto na música e na literatura, nomes como Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, e Machado de Assis nos lembram de nossas raízes e de nossa capacidade de brilhar em qualquer esfera.
Entretanto, a luta por igualdade não é fácil. O recente episódio de racismo enfrentado pelo jogador Vini Jr. é um triste lembrete de que, apesar dos avanços, o preconceito ainda permeia a sociedade. Este tipo de discriminação não se limita ao esporte; ela se estende a todos os aspectos da vida, desde o entretenimento até a política, onde a ascensão de Kamala Harris como candidata à presidência dos Estados Unidos simboliza uma nova era de representação e esperança.
Artistas como Kendrick Lamar, Jay-Z, Aretha Franklin e Lizzo continuam a inspirar gerações, enquanto personalidades como Glória Maria, Maju Coutinho, Taís Araújo, Seu Jorge e Lázaro Ramos se tornam vozes poderosas na luta contra a desigualdade racial. O legado de líderes como Martin Luther King e Zumbi dos Palmares ecoa em cada conquista, lembrando-nos de que a luta por justiça e igualdade é um esforço contínuo.
Ao celebrarmos a liberdade do povo preto, devemos também reconhecer as lutas que ainda persistem. O caminho é longo, mas a força e a determinação de figuras como Simone Biles, Daiane dos Santos e Rebecca Andrade mostram que a superação é possível. Com cada passo, cada conquista, e cada voz que se levanta, estamos moldando um futuro onde o racismo será apenas uma lembrança do passado.
Assim, ao olharmos para frente, que possamos celebrar nossas vitórias e permanecer firmes na luta contra a desigualdade. Porque a liberdade do povo preto não é apenas um direito conquistado, mas um legado que deve ser honrado e defendido todos os dias.