Senadores e deputados do Amazonas criticaram a operação da Polícia Federal (PF) realizada na segunda-feira (15), nos municípios de Humaitá e Manicoré. Os parlamentares afirmaram que as atitudes foram desproporcionais e trouxeram impactos para famílias ribeirinhas que vivem do extrativismo.
A ação teve como alvo a destruição de dragas utilizadas no garimpo ilegal no Rio Madeira. De acordo com a Polícia Federal , foram contabilizadas 71 dragas destruídas. A operação ocorreu no mesmo dia das celebrações do Dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Manicoré, que reunia fiéis.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), durante sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado, classificou a ação como “pirotecnia” e um ataque desproporcional que atingiu principalmente pequenos extrativistas e famílias humildes da região. O parlamentar também cobrou explicações da PF sobre os alvos da operação.
“Eu não só vi como presenciei tudo isso ontem e ontem mesmo tomei a iniciativa de questionar o porquê dessa operação. O mais engraçado de tudo é que vão lá, tocam fogo, dizem que é o narcotráfico e não prenderam ninguém. Veja bem, não prenderam absolutamente ninguém, só destruíram, poluíram, prejudicaram, e tem pessoas que moram nessas embarcações porque não têm moradia”, afirmou Omar.
Já o senador Eduardo Braga (MDB-AM) destacou que o combate ao garimpo ilegal é necessário, mas que atitudes desproporcionais, com falta de responsabilidade social e até mesmo humanitária, não serão aceitas.
“Atitudes desproporcionais, com falta de responsabilidade social e até mesmo humanitária para com os pequenos garimpeiros e trabalhadores humildes eu não estou de acordo. Precisamos de uma solução sustentável, socialmente justa e ambientalmente correta”, afirmou Braga.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) também condenou a operação e afirmou que as imagens serviriam ao governo federal como vitrine na “COP 30”, em vez de representar um real combate ao narcotráfico.
“Como cidadão da República Amazonense, não posso me calar diante dessa injustiça! Contesto e condeno a operação da Polícia Federal realizada em Manicoré e Humaitá, onde flutuantes de famílias foram simplesmente explodidos. Essas famílias vivem do extrativismo mineral há décadas, e não de forma clandestina! O que aconteceu foi um ataque direto à sobrevivência”, destacou Plínio.
O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (UB), defendeu que sejam discutidas formas de legalizar as atividades de garimpo.
“Eu não sou a favor do garimpo ilegal. Eu sou a favor da gente legalizar e trazer oportunidades para a população do nosso estado. Eu sou a favor que a gente possa construir uma lei e que possam trabalhar de forma legal. Mas da forma que está hoje, esses eventos que estão acontecendo, nós temos que repudiar. Porque esse protocolo da PF de chegar e explodir, vai chegar uma hora que vai acontecer uma tragédia”, disse.
O deputado Rozenha (PMB) também criticou a operação e ressaltou os riscos à população local:
“O risco que a Polícia Federal colocou sobre as pessoas: helicópteros sobrevoando, parecia Vietnã, parecia Armagedom. Por que tanto desrespeito com os amazonenses? Sob o argumento de buscar o tráfico internacional de drogas, a Polícia Federal realizou na região de Humaitá a sua ação mais truculenta, mais desrespeitosa e desumana dos últimos anos.”
O deputado Adjuto Afonso (UB) considerou a ação da PF uma brutalidade e disse que há outras formas de combater a extração de minério.
“Essa ação absurda da Polícia Federal no Rio Madeira. Eu acho que essa Casa precisa repudiar. Imagina, enquanto eles estavam tocando fogo, tinham várias embarcações do lado, outros trafegando no rio. A preocupação foi geral”, ressaltou.
O deputado Comandante Dan (Pode) afirmou que o debate é necessário para a construção de políticas públicas voltadas às populações dos municípios.
“Temos que discutir medidas para que essas situações deixem de acontecer”, declarou.
Já a deputada Débora Menezes (PL) evidenciou sua indignação em relação à operação da PF em Humaitá, afirmando que nada justifica a ação truculenta.
“Eu não poderia deixar de repudiar as ações que aconteceram ontem em Humaitá. Sabemos que temos que combater o garimpo ilegal, mas nada justifica a forma que foi feito. Truculência. Sabemos que podem ser feitos de outra forma”, declarou.