EDITORIAL| O Festival de Parintins não é apenas um espetáculo de cores, ritmos e tradições; é um fenômeno econômico e cultural que transforma a ilha em um laboratório de marketing e um celeiro de oportunidades para o comércio local. Grandes marcas, que normalmente seguem rigidamente suas identidades visuais, quebram protocolos para se adaptar à magia dos bois Garantido e Caprichoso — prova de que a força da cultura popular pode até mesmo repaginar gigantes globais.
A Coca-Cola, por exemplo, abandona seu icônico vermelho e lança uma lata azul exclusiva para o festival, uma raridade em seus 137 anos de história. A Natura, reforçando seu compromisso com a Amazônia, não apenas patrocina o evento, mas também mergulha na essência da região, mostrando que sustentabilidade e identidade cultural andam juntos. A Azul Linhas Aéreas, cuja cor predominante é o azul, pinta a logomarca de seus aviões em tons de vermelho em homenagem ao Garantido, enquanto a Brahma e o Banco Bradesco também entram no jogo cromático, adaptando embalagens e fachadas para celebrar a rivalidade que move Parintins.
Até a Bobs, conhecida por seu branding jovial, criou um milkshake de taperebá nas cores azul e vermelho, vendido apenas no Norte — uma estratégia que prova como o festival influencia até mesmo o setor alimentício. Essas ações não são meramente comerciais; são declarações de respeito a uma tradição que movimenta milhões e fortalece a economia local.

Cultura em harmonia com o empreendedorismo local
Por trás desse impacto econômico, estão os bois Garantido e Caprichoso, ícones da cultura popular brasileira que transcendem o folclore e se tornam símbolos de identidade e resistência. Seus enredos, cantos e coreografias não apenas emocionam plateias, mas também alimentam um ecossistema inteiro — de artesãos a grandes indústrias.
Edgar Nero, Ceo da “Apoena Estúdio” conversou com nossa equipe sobre sua nova coleção de camisas em homenagem ao Festival de Parintins 2025, intitulada “No coração da Arena”
“Decidi começar nesse período bovino porque, primeiro, sou um grande fã da cultura do Norte. Sou apaixonado por tudo que envolve nossa história, nossa trajetória e, principalmente, pela dedicação das pessoas que fazem o festival acontecer. Essa rivalidade entre os bois, por exemplo, eu acho muito interessante porque motiva todos a se superarem cada vez mais. Quando abri a loja, já tinha em mente que ela seria voltada para o Norte, para essa cultura tão rica. E o Festival de Parintins foi o start perfeito. Foi a melhor forma que eu poderia ter começado. A loja ganhou relevância, ficou mais conhecida, e tudo isso valorizando nossa cultura, nossa identidade. E pra mim, isso é o mais gratificante”, afirma o empresário

“A importância de Parintins para o negócio está justamente nesse material cultural e artístico, trabalhado ano após ano, há décadas. Essa tradição fortalece nosso leque de possibilidades, uma variedade enorme de produtos, estampas, arquiteturas, sons e tradições para explorar. É uma fonte inesgotável de inspiração, uma riqueza que não tem fim. E pra mim, isso vai além da criatividade: é uma forma de demonstrar respeito e carinho por toda essa cultura que nos move”, completou
A empresária e publicitária Carol Dinelli ressaltou durante entrevista ao PSA NOTÍCIAS, como as celebrações na ilha tupinambarana, são divisoras de águas para seu empreendimento.
“O Festival de Parintins é um catalisador poderoso para o meu negócio. À frente da Agência Invent, especializada em marketing e experiências de marca, enxergo o evento não só como manifestação cultural, mas como uma vitrine da criatividade do Norte. Trabalhar em Parintins, criando estratégias para marcas que respeitam a identidade local, reforça a essência da Invent: conectar ideias a emoções reais”, afirma a publicitária

“A cultura do Boi-Bumbá — com sua riqueza visual e impacto comunitário — inspira as narrativas que construo para as marcas. A grandiosidade do festival me desafia a entregar projetos à altura da emoção que Parintins provoca. Acredito que marcas só se tornam relevantes quando dialogam com seu território. Como empreendedora amazônida, faço questão de que cada ação da Invent celebre a potência da nossa cultura”, completa Carol em sua declaração

Do norte pro mundo
A influência do Festival de Parintins, não se limita apenas no eixo Brasil/Norte, pois Hollywood também já esteve de olho nas belezas performáticas da amazônia. O carnavalesco Milton Cunha afirmou que as exuberantes apresentações dos bois Garantido e Caprichoso inspiraram os visuais do filme AVATAR, vencedor do Oscar e dirigido pelo renomado James Cameron.
A cunhã-poranga Isabelle Nogueira, levou a cultura amazonense para rede nacional durante a sua participação no reality, Big Brother Brasil 24, ao assumir o papel de embaixadora do festival, a bailarina não apenas encantou o público com sua graça e energia, mas também reforçou a importância da valorização das raízes amazônicas e da força feminina na festa do Boi-Bumbá.

Parintins ensina ao mundo que cultura e comércio podem coexistir de forma vibrante. E, enquanto as marcas se reinventam para caber nesse universo, o festival prova que a verdadeira magia está na capacidade de transformar tradição em progresso, sem perder a essência.