Moscou (RUS)- Na tarde desta quarta-feira (07), Moscou foi alvo de ataques de drones ucranianos pelo terceiro dia consecutivo. O ataque forçou a maioria dos aeroportos da capital russa a fechar algumas horas antes da chegada do presidente chinês, Xi Jinping, para uma visita oficial que ocorre em um momento de grande tensão. Kiev, que se opõe à aproximação de Pequim com Moscou, não escondeu seu descontentamento com a visita.
Xi Jinping, que é o maior comprador de petróleo e gás russo e um dos principais aliados econômicos da Rússia, deve chegar à capital russa na noite de hoje, no horário local. A visita ocorre em um contexto delicado, já que a China tem dado apoio econômico a Moscou, permitindo-lhe contornar as sanções impostas pelo Ocidente por causa da guerra na Ucrânia.
Quando questionado sobre os ataques aéreos, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China se limitou a dizer que a “prioridade máxima” da China é evitar uma escalada nas tensões, sem comentar diretamente sobre a visita de Xi.
O Kremlin reagiu aos ataques com drones, acusando Kiev de cometer “atos de terrorismo”. De acordo com as autoridades russas, os serviços de inteligência e as Forças Armadas da Rússia estão tomando as medidas necessárias para garantir a segurança das comemorações do 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, que será celebrada nesta sexta-feira (9), durante um desfile militar na Praça Vermelha.
Xi Jinping, o líder mundial mais poderoso a participar da cerimônia, dará um importante impulso diplomático ao presidente Vladimir Putin, que busca mostrar ao mundo que a Rússia não está isolada. O Kremlin tem elogiado a presença de Xi, assim como a de outros 28 líderes internacionais que estarão presentes, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, a Ucrânia tem se oposto à participação de qualquer país em apoio à Rússia, especialmente em relação ao desfile militar. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu que países que se dizem neutros na guerra, como a China, não enviem suas Forças Armadas para o evento, considerando a participação uma violação da neutralidade.
Em outro episódio de violência, autoridades ucranianas informaram que a Rússia lançou um ataque aéreo em Kiev durante a noite, resultando na morte de uma mãe e seu filho. A Rússia, por sua vez, afirma que seus ataques têm como alvo apenas instalações militares ucranianas.
Enquanto isso, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, informou que as unidades de defesa aérea da Rússia conseguiram destruir ao menos 14 drones ucranianos que se aproximavam da capital russa. Em resposta ao aumento dos ataques, muitos voos foram cancelados e os aeroportos de Moscou permaneceram fora de operação por boa parte da noite.
Xi Jinping, que já se manifestou a favor de negociações para pôr fim ao conflito, também acusou os Estados Unidos de fomentar a guerra ao fornecer armas a Kiev. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, por sua vez, pediu a Xi que usasse sua influência para pressionar Putin a acabar com o conflito.
Xi deverá se reunir com Putin na quinta-feira (08) e, na sexta-feira (09), participará das comemorações do 80º aniversário da vitória soviética sobre o nazismo.